segunda-feira, 11 de agosto de 2008

Lenda Inacabada


Porque as grandes decisões trazem à tona os sentimentos de insegurança? Quando o medo surge para nos atentar, porque ele insiste em querer sempre causar transtornos? Mudança deveria significar segurança, sem deixar espaços abertos para os medos fajutos se apossarem dos seres humanos.

Foi com esse raciocínio, que nos tempos das altas tecnologias – mesma época do inicio de grandes cataclismos, aconteceu um episódio que merece ser relatado. Na realidade, uma descoberta que trouxe uma profusão de sentimentos de mudanças, com medos e dúvidas a espreitar.

No ‘azulão’ fora convidado a conversar. O que o fez com gentileza, sem sombras, sem dores, sem nada a princípio. Estava deficiente, pode-se notar, com sua ‘geniosa tristeza’ de alma irrequieta e atormentada. Dizia: Pagar um alto preço por querer viver mil vidas em uma, mas, para cada uma delas, pagaria mais para ter outras tantas mil.

Entre risos e sinceridades, deixara escapar sua busca por instantes de felicidade, daqueles que fazem o coração palpitar rapidamente. E com isso deixara uma fissura se abrir em sua alma para que mais tarde pudesse abrir uma janela e convidar a luza a adentrar, clareando os caminhos sombrios daqueles pensamentos metodicamente desordenados.

No entanto, o alvo que era a alma, vira corpo, fazendo o gelo derreter. E o que estava derretendo, se solidifica... A respiração aumenta, o corpo salienta. E a vontade de beijar, intensa... É como se passasse de alcoólatra à bebida; sendo o cigarro pra o fumante, no seu inferno paradisíaco.

O outro, perspicaz, costuma “guardar” as conjugações expelidas. E faz-entender. Que delicia!

Seu rosto suado... Cabelos desalinhados... Passou da conta! Sedução pura, e sem rodeios. Saudade tem dor? Tem. E o seu nome... É... Você! Doce tara! Não te nego. Assino em baixo...

Engraçado: e pensar que foram encontrados, ambos, num jardim selvagem e poluído. O primeiro, um animalzinho machucado, com sua asa quebrada, doido pra voar, porem estava arredio; e sustentando uma máscara do mais fino cristal que possa ter existido, achando que com isso se livraria facilmente do caçador de Avalon.

Enquanto o segundo, vindo dos muros elementais de Avalon, analisava, cercava a presa da forma mais singela, podando-lhe as dores, tratando-lhe das feridas do afoito animalzinho, com a própria saliva. E fez de conta que não estava a enxergar nada por debaixo da máscara de cristal, na intenção de não intimidar a presa.

Caçador experiente, com tão pouca idade, ele surpreende. Falou do destino, faz um carinho no bichinho e disse que se ele (o animalzinho) quisesse, poderia seguir o caminho que as folhas secas traçam com o vento. Seria seguro ir com o vento e teria a proteção das folhas.

Cautelosamente, o caçador arrumava-se para partir. Foi quando o bichinho arregalou os olhos tentando encontrar forças para bater as asas apenas mais uma vez. O que fez. Ergueu-se com dificuldade e alçou vôo, pousando certeiramente no colo do caçador. Ele não o deixaria sair assim, sem ter a oportunidade de agradecer.

E então, pela primeira vez, o caçador pode ouvir a voz, delicada, levemente fragilizada pela dor aumentada com o esforço do vôo: - ‘Vou com você... ’.

Ewerton Reubens

01/08/2008

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