Esta semana estive conversando com uma amiga... No meio do papo chegamos à conclusão de que o rompimento amoroso é algo estranho – e complicado!
Primeiro, porque não sabemos exatamente quais os limites desse “término”. Muitas vezes, as ligações são tão fortes que não conseguimos nos desvencilhar de situações que podem se tornar constrangedoras pelo simples fato de estarmos PRESENTES no meio do outro.
Segundo, as amizades construídas pelo antigo casal, na maioria das vezes acabam divididas – e estas divisões sempre acarretam desentendimentos, fofocas, conversas de pé de ouvido, que podem tomar proporções assustadoras e gerar furacões no curso da vida do ex-casal.
A verdade é que na hora do rompimento sempre vai existir um ser mais FRIO do que o outro – geralmente, o que toma a decisão; e haverá o outro VITIMADO – o que escuta a resolução como se recebesse uma punhalada certeira e letal, nas costas – ou no coração.
Acredito que me contradigo na frase acima quando cito o coração, porque sou crente de que ninguém SENTE com ele. Os sentimentos estão todos no cérebro, e é este o maior responsável por todo o constrangimento, a dor, o choro, enfim, por todos os sintomas de uma perda, de uma partida, do rompimento...
Mas por que será que as pessoas insistem em dar mérito ao coração quando as ações dos humanos não são praticadas por ele? O coração não pensa. Nunca pensou. E acredito que ele nunca venha a pensar. Por que culpá-lo por algo que ele não pode fazer?
Outro fator interessante dos fins de relacionamentos são as crises compulsivas de choro que temos. Estamos calmos e quando aparece qualquer coisa que lembra o outro, imediatamente as pálpebras incham e desabam em lágrimas. Mas acho que essas lágrimas são de crocodilo. Porque eu acredito que NUNCA choramos pelo outro, seja qual for a situação - fim de um relacionamento, morte de um parente, seja o que for. Sempre choramos por nós mesmo. Pelo nosso egoísmo.
Nunca choramos pelo outro. Choramos sim, pelo nosso sofrimento e nunca pelo sofrimento do outro; choramos pela nossa perda mas nunca pela perda do outro; choramos pela perda de nosso sonhos, choramos por estarmos nos sentindo mal com algo; choramos pro não termos a companhia que costumávamos contar sempre ao nosso lado por um tempo que foi bom enquanto durou.
Mas é difícil admitir que diluímos em lágrimas por nós mesmo. Ainda mais diante do fato do rompimento. E não é feio ou errado que seja assim, é normal, mas muitas vezes as pessoas não se dão contam disso ou não aceitam.
Aí, aparecem os pensamentos mais egoístas, mascarados e sujos para povoar nossas cabeças e martelar situações que podem nem ter ocorrido. Explodimos verborragicamente com palavras agressivas, armados até os dentes com munição atômica, prontos para elucidar um problema – e acabamos na maioria das vezes estraçalhando a pessoa que mais amamos. Escrevi isso mesmo, AMAMOS. Porque não acredito nessa história de que do dia pra noite se deixe de amar o outro.
Eu aprendi a dividir os sentimentos, ou seja, se o relacionamento não deu certo podem ter ocorridos vários fatores para chegar ao fim. Mas, com certeza, o carinho, o afeto, as lembranças dos bons momentos juntos sempre perduraram – e isso é uma forma de amor. É consideração. É um meio de ficar com um pedaço do outro pra si.
E o que é a dor que dizemos sentir? Muitas vezes é causada pelo sentimento de troca, se uso; pela dificuldade em acostumar-se com a falta de uma companhia; pela saudade das risadas; pela falta do toque na pele; pela falta de um olhar que só o outro sabe dar; por supor que não se é amado na mesma intensidade em que amou/ama etc.
No entanto, o que mais mata é sentir naquele fatídico momento, na hora da notícia cruel, que poderá se perder uma parte nossa que vai embora com o outro, e que pode nunca mais voltar. Afinal, ali é um ponto final na vida de duas pessoas que doaram um tempo de suas vidas, depositaram uma grande parcela de seus afetos e compartilharam sonhos e expectativas. E de repente, o mundo desaba... Tudo acabou... Não deu mais... Um vira as costas e vê o outro indo embora...
Mas, assim como na gramática, o ponto final não significa necessariamente o fim. Pois haverá uma nova sentença que será escrita no parágrafo do futuro, onde constará varias palavras erradas, cuspidas no fervor das emoções, cheias da falta de pingos nos is. Outras vezes, poderá se observar o deleite de muitos adjetivos nos seres que na realidade nem os possuem, mas que os ganham por serem os olhos cegamente apaixonados que lhes presenteiam com eles; haverão muitos superlativos, muitos verbos conjugados fora do tempo certo. Haverá, com certeza, o pronome possessivo querendo imperar no controle da vida do outro... existirá palavras que nem constam no diciorário, mas que foram criadas para expressar o afeto... Sempre existirá muita coisa pra ser dita – e ouvida. E por fim, mais pontos finais.
Pensando bem, agora entendi porque relacionamentos e o fim deles são complicados. Eles são como a gramática da língua portuguesa: uma coisa intensa, cheio de regras e com exceções dentre elas. Não se pode descuidar para não se expressar erroneamente. E as vezes, o que é expressado certo não agrada a todos os ouvidos. Odeio verbos!!! by Reubens.
Um comentário:
odeio o ponto final
Tanto se é o fim da relação dum casal quanto pela morte dum parente
o egoismo é insuportável
Acho incrível como a espécie humana conseguíu vivér sem se extinguir
haha foi muito esclarecedor
vlw
/The Pinguin\
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