Se eu pudesse viver minha vida novamente seriam apenas 27 anos e eu faria tudo do mesmo jeito. Então, vamos falar do futuro...
Como eu tenho a vida inteira pela frente, sei, desde já, que cometer erros é bom, além de muito engraçado. Não vou nem tentar chegar perto de ser perfeito. Relaxar mais, só se virar uma planta.
Riscos? Viver é um risco. Viajar é sempre um risco e eu adoro. Já contemplo entardeceres, já subo muitas montanhas e já nado muitos rios, para o desespero, por exemplo, da minha mãe.
Eu sou, sim, uma dessas pessoas que vivem sensata e produtivamente (além de “profunda” e “prolificamente”, porque o meu idioma é muito rico e os tradutores se lambuzam) cada minuto da vida. Isso é ótimo porque me sobra mais tempo para ser produtivo. E, assim, tenho meus momentos de alegrias, que são todos eles.
Como eu tenho a vida inteira pela frente, trato, desde já, de só ter bons momentos, pois aprendi cedo, na vida e na poesia, que a vida é feita só de momentos e perder o agora é coisa que não pretendo fazer.
Desde já, dou muitas voltas na minha rua, às vezes de bicicleta, às vezes a pé, e cumprimento as pessoas que não conheço; contemplo muitos amanheceres maravilhosos onde quer que eu esteja e brinco com as crianças, sendo uma delas eu mesmo.
Como eu tenho 27 anos e a vida inteira pela frente, quando, lá na frente, tiver 87 anos e não souber se estarei morrendo ou se deverei colher mais margaridas, não ficarei me lamentando pelas coisas não realizadas, porque as terei realizado todas. Não lamentarei a falta de qualquer Dom, não lamentarei Nadinha de nada. Só lamentarei se alguém atribuir a mim um poema pessimista. Aí, sim, lamentarei. Mas lamentarei por ele, não por mim...
E como eu tenho ainda a vida inteira pela frente, peço que me dêem licença que eu vou viver mais um pouco agora.