segunda-feira, 16 de março de 2009

Aymeric e sua levitação divina...

Corpos em suspensão... Coisas levitando... mundo surreal... São palavras chaves para o mundo no olhar do fotografo Francês Aymeric Giraudel.
O conheci por acaso passando links pela internet. E fiquei apaixonado pelas suas obras porque ele vê as coisas como eu também as posso ver...
Aymeric busca numa plástica quase divina, traços divinos em pessoas normais; mostrando a sua experiência com o uso das sombras para que a luz encha de profundidade cada corpo deixando-o como se fosse uma pintura...pura ilusão...
O contraste da leveza com a firmeza dos corpos assombra!
Aymeric é meticuloso quando cria seu mundo!
Pensa cuidadosamente em cada detalhe. E tudo aparece ser explodido aos olhos.
Maravilhosamente lindo!
A levitação dos modelos e o uso da luz podem ser as principais características do trabalho deste artista/fotografo. Sempre cheias de simbologia e misticismo as obras com sua luz sempre tentam chegar ao céus para alcançar a alma.
Aymeric Giraudel é um fotógrafo que eu realmente gosto muito. E isso se deve por um único fator: Existe uma espécie de magia que sai de cada uma das suas fotografias, uma infinidade para surrealismo, uma quase realidade muito perto da verdade.
www.aymericgiraudel.com se quiser ver mais sobre esta talentosa

(obs: clique nas imagens para vê-las melhor).





















quinta-feira, 12 de março de 2009

O QUE VOCÊ ANDA SENTINDO: DESEJO OU PRAZER?

Hoje estou lascivo - e certamente serei julgado pelo que escreverei (mesmo que este texto seja apenas uma explanação de minhas conjecturas pessoais). mas, aí vai.



Os sentimentos são vinculados à existência humana e esta, por sua vez, não se vincula somente a si própria. Logo se entende que o sentimento, ou o conjunto deles, é o ponto centrípeto ao qual o homem se dirige para garantir a sua própria essência.
De certo que se assim não o fosse, estaríamos imersos no cálice da solidão para desfrutar o suco amargo das vinhas do egoísmo e, conseqüentemente, teríamos o fim da epopéia humana sobre a terra. As pessoas não se encontrariam nem se uniriam umas às outras, garantindo, desse modo, por exemplo, a procriação e a sobrevivência da própria espécie. Mas não estou aqui para defender teorias, ou mesmo criar as minhas próprias. Só quero vomitar verborragicamente alguns “sentimentos”.
Lendo Santo Agostinho, com suas divagações, eu sempre encontro coisas bonitas, de cunho religioso, mas que na realidade é sentimento puro transfigurado em sílabas fortes as quais podem marcar um ser intensamente. E disse o santo: "Teu desejo é a tua oração; se o desejo é contínuo, também a oração é contínua. Não foi em vão que o Apóstolo disse: Orai sem cessar (1Ts 5,17). Ainda que faças qualquer coisa, se desejas aquele repouso do Sábado eterno, não cessas de orar. Se não queres cessar de orar, não cesses de desejar."
Mas onde quero chegar com isso?
De forma genérica, os sentimentos são informações que os seres biológicos são capazes de sentir mediante as situações que vivenciam.
Diariamente encontramos pessoas, em todos os lugares, que nos fazem sentir algo, seja bom ou mal; agradável ou detestável; beleza ou asco; tristeza ou felicidade; prazer ou dor, etc.. E cada um é responsável pelo que sente a partir do que lhe foi transmitido. Daí, volto para as palavras de Santo Agostinho: "Tens o que oferecer. Não examines o rebanho, não apresentes navios e não atravesses as mais longínquas regiões em busca de perfumes. Procura em teu coração aquilo que Deus gosta." O santo dá uma dica clara: que não precisamos ir buscar coisas ao longe porque as temos mais perto do que imaginamos. Basta que compreendamos o que temos para compartilhar.
Será que sabemos o que temos dentro de nós para oferecer hoje? O que temos oferecido ultimamente, nas horas finais do dia anterior, por exemplo. Sabes dizer? Somos conscientes dessa oferta? E como será que essa sentimental oferenda é captada, entendida e aceita (ou rejeitada) pelos outros?
Se desejo é igual à oração, o que seria a realização do desejo? Um contato direto com Deus? Um contato direto como o sentimento? Ou, ainda, seria um simples contato com a carne para satisfazer uma necessidade? Isso tudo levaria o nome de prazer?
O prazer é uma rara substância de fórmula sentimental esquecida, gerada no inicio dos processos evolutivos deste mundo. Não sei se fora escondida por um sábio, mas apenas se registrou uma falsa nota dizendo que "crescer era sofrer", e assim o prazer ficou escondido nas masmorras sombrias do erotismo – para lhe servir com o criado. O pior é que com o passar dos tempos, mesmo com a evolução, nós ainda acreditamos nisto, mesmo e mantemos o prazer escravo do erótico! Bom, aí começamos a inventar. E o Ser Humano é sempre criativo! (pra confirmar o que eu digo - vá no google e digite PRAZER no link de imagens...e me diga se não tenho razão. Só aparece erotismo). Vou até colocar umas imagens par confirmar isso.








EU,PARTICULARMENTE, ACREDITO QUE O PRAZER NÃO UM SENTIMENTO (OU MESMO UM ESCRAVO). MAS SIM, UM BEM, CRIADO PELO DESEJO QUE SURGE DESSA OFERTA DIÁRIA DE SENTIMENTOS. PORQUE SE ASSIM ELE NÃO O FOSSE, COMO SE EXPLICARIA O FATO DE TODOS – NÃO SOMENTE OS HUMANOS – O DESEJAREM TANTO? COMO EXPLICARIA O FATO DE MUITOS VIVEREM EM FUNÇÃO DELE SE REALMENTE NÃO FOSSE UM BEM?
O fato é que as pessoas de hoje só conseguem ver o prazer na sua forma sexual. O que é uma pena!


As refeições, por exemplo, deveriam ser verdadeira fontes do prazer onde. Pois os alimentos passaram por uma cuidadosa seleção antes de serem preparados, e eles representam muitos deleites: o deleite do paladar, o dos olhos, o do olfato,. Isso sem falar nos instantes em que partilhamos alegrias, descobertas e ouvimos quem conosco a celebra. Com tanta coisa fantástica, como iremos convertê-la em sofrimento? Por que não admitimos logo que estamos perdendo a amplitude do sentido do prazer? Porque insistimos em colocar o prazer como premio da mecânica na execução de um ato sexual?
Os sentimentos e suas interpretações, definitivamente, podem ser compreendidos como um portal para a ilha do prazer. Muitas vezes as pessoas se perdem ali. E não encontram saídas.
Por isso o meu entendimento sobre os sentimento s é cauteloso, codificado de acordo com as situações. E o meu prazer contempla o meu equilíbrio, minha a sensatez e muitas vezes a minha irreverência. Por isso, cada vez que eu coloco o pé fora de casa e encontro qualquer pessoa na rua, este encontro vira um fruto na minha reflexão cuidada e conjunta, de forma a espelhar uma maior qualidade no entendimento geral do prazer a partir do que pode ser sentido. É liberdade, nunca libertinagem.
No entanto, fazemos gala de sair várias vezes por semana, com a nossa melhor indumentária, na procura do melhor papel de embrulho para usarmos. Afinal de contas, o que conta mesmo "é a primeira impressão" (outra jóia das nossas programações sociais manipulativas e redutoras!) e o resto logo se vê.
O prazer sempre me dá a liberdade de mudar, seja na forma de agir com atitude ou na maneira de compreender os sentimentos. O prazer também mostra que a vida pode ser igual e diferente, ao mesmo tempo, das coisas que assistimos pelos plasmas da TV ou do que encontramos nas páginas das revistas.
Em particular, por exemplo, o meu prazer eu despejo nas minhas crias! O meu prazer eu o tenho quando olho belos lábios; quando me sinto tocado por olhos que me afogam; quando o toque me avisa que o vulcão está explodindo por baixo da pele e que o sangue ferve em lavas – por mim; quando um sorriso pode quebrar a casca rígida e grossa de um dia turbulento.
O meu prazer está, sobretudo, no estar vivo para poder “sentir” com estilo. Com o meu estilo. Mas é difícil agüentar a pressão do ambiente sexy-social com seus variados ingredientes, que podem atingir picos máximos da revelação nos encontros. Sim, porque na fotografia da vida o prazer extraído com relacionamentos são de fato o revelador da obra de arte! E na nossa suprema (in)consciência ainda temos a "lata" de divulgar e de nos vangloriarmos com a exposição fotográfica!
Sem pesar algum ou dúvida os sentimentos são a via (de mão única) para prazer. E nessa via se gasta muito menos energia!

quarta-feira, 11 de março de 2009

O BALLET DAS FOLHAS - By Reubens,

"O coração é teu, pode sofrer, o rosto é dos outros, tem que sorrir" (santo agostinho)



Hoje ao sair do trabalho, para o almoço, a água banhava a terra – e esta, por sua vez liberava seu aroma avisando que mesmo poluída ainda continua viva!
Os resíduos de um recente artigo que conclui sobre Lilith, a Rainha Súccubus, ainda impregnavam a minha mente (trazendo-me as dúvidas da antropogenesis) quando, virando certa esquina, deparei-me com um ballet de folhas que me deixou paralisado.
Já observaram como são exímias bailarinas as folhas, quando estas caem?
Se não, eu vou tentar traduzir em palavras o espetáculo que eu pude perceber:

Enquanto a chuva caía rala, como lágrimas celestes que trazem o milagre da fertilidade para um camponês, uma alva e fofa nuvem era rude ao empurrar outra de sua espécie, porém negra, de um lado para o outro no céu fazendo a chuva diminuir.
Neste instante Éolo soprou! E a árvore de fronte a poça de água já iniciava seu lamento de perda: Com o peso da chuva e o poder do desprendimento trazido pelo vento de Éolo algumas de suas filhas/folhas seriam levadas embora.
Toda árvore sabe quando vai perder sua filha/folha.
São espertas as árvores, pois observam isso pelo grau de maturidade conferido a cada folha/filha por uma coloração que varia do amarelo ao marrom. E quando chega essa hora até a Mãe Natureza aparece para abraçar e confortar a Mãe Árvore, colocando sua mágica presença em ação.
É a Mãe natureza que se encarrega do serviço fúnebre das folhas/filhas e lhes dando um tratamento de honra: ela manda primeiro algumas de suas mais belas borboletas cumprirem sua tarefa do dia - e num vôo tranqüilo as borboletas cintilando preparam o ar para o ballet.
Quem passa por perto, recebe um susto com o vôo acetinado daquelas coloridas e aladas criaturas – na realidade o vôo das borboletas sobre a pessoas nada mais é do que uma permissão dada pela mãe natureza, por intermédio das borboletas, para que as pessoas possam ver com detalhes aquele rito sagrado de despedida.
Em segunda eis que surge um halo de luz - um presente final enviado por Apolo. Afinal a iluminação é muito importante para qualquer espetáculo além de significar uma forte elevação espiritual. Com o espaço preparado e a luz bem colocada, a Mãe Árvore tenta ao máximo estabelecer uma última ligação com sua filha/folha... Ela envia um pouco mais de sua seiva para alimentar aquelas filhas que logo partirão; a mãe árvore junta levemente alguns de seus galhos na intenção de poder tocar por mais tempo cada folha...
Mas a árvore é lúcida. E sabe que já tem gravado no seu peito de crosta rude, porém macio, um forte afeto por aqueles entes que vê partindo.
Éolo sopra novamente avisando que é hora do espetáculo começar. É como se ele dissesse: - “Despeça-se, velha amiga, escute os pássaros gorjeando. Você já fez seu trabalho!”
É impressionante!!!
Do nada surge um coral de passarinhos que chega para dar melodia ao momento. De repente a árvore mãe sente um espasmo e a filha/folha se descola aos poucos. As borboletas vão ao seu encontro na tentativa de ajudá-la, como se pudessem interferir nos fios daqueles destinos.
E neste exato momento, neste instante que seria fatídico para alguns, é que se percebe o preparo de toda uma existência, de como aquelas filhas/folhas são bailarinas das melhores.
Éolo, o vento, sente a dor da mãe e se revolta. Ele manda mais vento,sem querer, parece um humano impulsivo e sem noção – e esta ação torna o espetáculo ainda mais belo. Por que as folhas/filhas dançam conforme a música que os pássaros gorjeiam sendo regidos pelo vento. Com a música as folhas dão piruetas, saltos, percorrem todo o salão que as borboletas lhes prepararam e terminam com seu gan finale tocando levemente o solo, sem dano algum, como se fossem plumas. Estão mortas!
Mas este fato não é o fim, não ainda.
Elas logo se transformarão em adubo e retornarão para os veios de sua mãe.


Epílogo

Ainda temos e teremos muitos vácuos dentro nós pela frente...
Teremos muitos caminhos escuros, sem halos de luz ou cantos de pardais, para fingirmos que são coloridos. Principalmente aqueles, cravados nas encostas do rio da melancolia, da angústia e da dor.
Parece que cada vez mais apreciamos a capacidade que nos corta dos olhos as coisas
belas e por isso não compreendemos ou compreendemos erroneamente cada detalhe importante e revelador lentamente – somos devagar!
E por isso, ás vezes, alguns são fadados a vagar segurando candelabros com asas aceso pela paixão; e a viver pairando os olhos sujos, imensamente sujos, sobre coisas que na maioria supérfluas estão.
Não haverá os dentes caninos da noite para trucidar aquela folha caída ao chão. Porém, existe o homem que sem compreender direito o sentido do ballet das folhas, vai recolher a filha/folha como se fosse um indigente e a jogar em algum lugar - no lixo talvez. Outros, porém, são mais cruéis e lhe ateiam fogo - aí sim, é o fim! É por esta razão última que a árvore chora! Não pelo ballet da filha.